O povo Yanomami vêm sofrendo uma série de ataques nos últimos anos de garimpeiros ilegais que invadem seu território. Na última segunda-feira 10, um grupo de garimpeiros armados, em sete embarcações, atacou a aldeia Palimiu, do território Yanomami, região Uraricoera, no estado de Roraima, a facção criminosa disparou dezenas de vezes contra crianças, mulheres e homens indígenas que estavam às margens do rio Uraricoera, onde fizeram uma barreira sanitária para bloquear o acesso de garimpeiros no local, os indígenas que foram surpreendidos pelos invasores, revidaram com flechas e tiros de espingardas, o que levou a morte de três garimpeiros e seis feridos, entre eles, um indígena baleado de raspão na cabeça.
A Polícia Federal chegou no local no dia seguinte, terça-feira, 11, e também foi alvejada pelos invasores de surpresa. O confronto durou cerca de cinco minutos e dessa vez ninguém ficou ferido. A população indígena está em alerta e vem recebendo ameaças dos mais de 20 mil garimpeiros ilegais que invadiram o território Yanomami e transformaram a comunidade indígena em um campo de guerra. O ataque não é um caso isolado, a presença dos caçadores de ouro, dentro da Terra Indígena Yanomami (TIY), representa perigo para os mais de 29.600 Yanomamis que vivem um histórico de violência.
Existem especulações de que os autores da tentativa de extermínio estejam ligados ao Primeiro Comando da Capital (PPC), facção do estado de São Paulo, que lidera o tráfico de drogas na região de Roraima e também tem envolvimento com a garimpagem ilegal de ouro dentro de Terras indígenas.
A luta do povo Yanomami contra a garimpagem é antiga, segundo a Associação Hutukara Associação Yanomami (HAY) começou na década de 70 com a construção de um trecho da estrada perimetral norte (1973-76) e com programas de colonização pública (1978-79). Desde então, fazendeiros se apossaram dentro da TIY com títulos expedidos pelo INCRA, e continuam em no local mesmo tendo perdido os direitos sobre as terras em todas as instâncias jurídicas. Com relação ao garimpo, em fins da década de 80 e início de 90 o limite leste foi amplamente invadido por garimpeiros, tanto a pé quanto de barco e avião. Atualmente os núcleos de garimpagem continuam encravados na terra yanomami, de onde seguem espalhando violência e graves problemas sanitários e sociais, sendo que o acesso a muitos desses núcleos se dá por terra ou rio, partindo-se do limite leste da TIY.
Por meio de ofício enviado à Polícia Federal, Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e ao Ministério Público Federal (MPF), a Associação Hatukara solicita que os órgãos tomem providências urgentes para intervir nos ataques violentos que a comunidade vem sofrendo. Garantindo a integridade física da população que habita em TIY. O MPF por sua vez fez um alerta para o risco eminente de genocídio, apresentando os garimpeiros como principais culpados não somente de ataques diretos, mas também por levarem poluição e doenças para os povos originários, que lutam contra o surto de malária e a falta de medicamento para atendê-los, e ainda, enfrentam o vírus da covid-19, que também ronda a região que vive uma crise sanitária.
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