De acordo com o relatório do Sistema de Alerta de Desmatamento em Terras Indígenas com Registros de Povos Isolados (Sirad) divulgado no último dia 2 de dezembro, pelo Instituto Socioambiental (ISA), foi detectado que o garimpo ilegal causou desmatamento de mais de 1,5 milhão de árvores derrubadas entre 2020 e 2022, na Terra Indígena (TI) Munduruku, localizada na região sudoeste do Estado do Pará, no município de Jacareacanga, margem direita do Rio Tapajós. O monitoramento do Instituto Socioambiental (ISA) aponta que o território do povo Munduruku está entre os mais pressionados e invadidos pela atividade ilegal de garimpo na Amazônia. O monitoramento do Sirad-I já identificou, de janeiro até o momento, aproximadamente, 440 hectares de desmatamentos ocasionados por essa atividade ilegal dentro da TI Munduruku.
Outubro foi o mês de maior aumento da área desmatada – 136 hectares. Nesse período, foi identificada a expansão de garimpos antigos e a presença de novos. Entre setembro e outubro, outros 156 hectares foram desmatados na TI. O Sirad-I deu início ao monitoramento desta TI, em julho de 2020, desde então já foram registrados 2.652 hectares de desmatamento relacionados ao garimpo. Isso equivale a mais de 1,5 milhões de árvores derrubadas nesse período. Um absurdo tremendo que precisa da atenção do poder público, uma vez que a ação dos órgãos fiscalizadores diminuiu ano após ano desde a entrada de Bolsonaro no governo federal. Basta! Nossos parentes Munduruku necessitam de ajuda para preservar seus territórios.
Segundo o Greenpeace Brasil, a drástica redução no orçamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), para realizar atividades de fiscalização e controle, e a explícita disposição do Governo Bolsonaro em abrir os territórios indígenas para a mineração são outros fatores que não só facilitam a atuação criminosa dos invasores, mas até mesmo as estimulam. Afinal, os cortes de verbas, desmobilização de servidores e interferência do governo federal foi o cotidiano na área de preservação ambiental. Esse é o cenário vivido por nós ambientalistas há quase quatro anos pela gestão socioambiental no Brasil. O tamanho do tombo orçamentário para as políticas ambientais foi de 71% entre 2014, quando os repasses atingiram o maior patamar da história (R$ 13,3 bilhões), e 2021, que contou com apenas R$ 3,7 bilhões.
É o que mostra o relatório “O financiamento da gestão ambiental no Brasil: uma avaliação a partir do orçamento público federal “, publicado em agosto pelo Instituto Socioambiental (ISA) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O documento analisa a evolução dos repasses socioambientais no país desde 2005. As reduções atingiram em cheio os órgãos-chave para o combate ao desmatamento na Amazônia, como o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O orçamento do Ibama vem sendo reduzido sistematicamente ano a ano, assim como sua execução, que teve queda de 21% desde 2008. Em relação aos gastos discricionários, o ano de 2021 contou com apenas 57% do valor gasto em 2008.
Todo o nosso apoio e solidariedade ao povo Munduruku, contra o avanço da atividade garimpeira na região. Trata-se de garantir e defender a própria sobrevivência de um povo milenar que estava aqui antes do problemático processo de colonização da América. Como mulher indígena presto minha integral solidariedade as mulheres Munduruku, contrárias à mineração ilegal em terras indígenas. Me solidarizo com o Povo Munduruku e demais povos que lutam pelo direito à Vida. Reafirmando nosso compromisso pela Justiça Socioambiental.
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