Ah o brega, o ritmo potente de todo paraense, moldado aos nossos pés desde que nascemos. Ontem, 15, o Governo do Pará, sancionou a lei que declara o brega como Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado. O titulo só autentica a nossa cultura, das músicas que tocam e embalam as festas em qualquer lugar do nosso Pará.
Nascido na periferia, o brega carrega identidade do que é ser paraense, suas cores e sons vibrantes. O grito dos excluídos, de artistas incríveis que por muitos anos foram tratados como nada só por cantarem brega, hoje é uma referencia e exporta para muitos lugares do Brasil e do mundo nossa cultura.
Hoje em qualquer casa de festa que tu entras, vai tocar o brega, mesmo aquelas que se dizem ser de um público x, y ou z, em algum momento o brega vai estar lá, para agitar o público e fazer todo mundo cantar e dançar, tu já vistes alguém ficar parado ao som de gringo lindo, loiro e louco de amor pra dar? É um ritmo que envolve a gente, e quando vemos já estamos puxando alguém para dançar agarradinho.
O brega ganhou força e teve como influência ritmos caribenhos como cumbia, zouk, merengue e também dos nossos ancestrais originários, principalmente em sua dança, que se assemelha aos passos que damos quando celebramos rituais, girando e gingando nosso corpo.
Em sua origem, o brega é a designação para algo cafona e de “mau gosto”, e a música brega tinha esta conotação pela grande crítica especializada e por alguns artistas também. As letras sempre puxando um enredo popular, o brega fala desde a dor de corno ao amor.
Nomes como Edilson Moreno, Wanderlei Andrade, Nelsinho Rodrigues, Aninha, são referências quando ouvimos as marcantes do brega, o som de odalisca, da cantora Aninha, tocando nas rádios traz aquela memória afetiva do tempo que tu eras criança “meu califa,
eu te amo eu quero, com todo amor, oh califa, eu te chamo, em meus sonhos, com todo amor.” A voz rouca do Wanderlei Andrade cantando “conquista” chega a doer o coração, quando ele lança “o meu amor, virou brinquedo pra ti, põe na minha boca o mel, logo em seguida o fel...” e tantas que marcam a nossa memória e a história do brega aqui no Pará.
Quando uma música internacional faz sucesso, pode apostar que ela também vai virar um hit de brega. A exemplo disso é a música da Bonnie Tyler - Total Eclipse of the Heart – que só ficou boa mesmo quando o fruto sensual deu o toque do Pará e transformou a música em Está no ar, e vou declarar todo esse sentimento que até hoje guardei por você...! e tantas outras que tiram o som inglês insosso e colocam nossa batida e sotaque.
Hoje o brega está ai, sendo reverenciado do jeito que merece, tocando de norte ao sul desse país mostrando a potencia da nossa cultura. Ele já era majestoso antes de ter a chancela do título, mas agora todo mundo sabe o rei cultural que ele é, nosso ritmo querido, ritmo que nos encanta, agora é também nosso patrimônio.
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