Malária e verminose completam o retrato do abandono
A imagem de uma criança indígena da comunidade Maimasi, do povo Yanomami, circulou nas redes sociais e estampou capas de jornais nos últimos dias, a criança foi diagnosticada pela equipe médica do local, com desnutrição, verminose e febre amarela grave, os profissionais de saúde relatam que a quantidade de medicamento para atender os originários é insuficiente. A suspeita é de que garimpeiros invasores tenham levado não somente a malária, mas também o vírus da covid-19, para dentro dos territórios indígenas, o que afeta a saúde dos originários que enfrentam uma crise sanitária.
A foto veio a público por meio do fundador da Comissão pela Criança do Parque Yanomami (CCPY), Carlo Zacquini, 84, que é missionário atuante entre a comunidade há 53 anos, fazendo parte das lutas contra os não indígenas, acesso a saúde e a demarcação concluída em 1992. De acordo com estudos financiados pela Fiocruz e Ministério da Saúde, o povo yanomami sofre com o aumento da malária e com a desnutrição infantil crônica, que atinge 80% das crianças até 5 anos.
O Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), informou que a criança pesando 12,5Kg está internada desde o dia 23 de abril, no Hospital Santo Antônio, localizado em Boa vista, capital de Roraima, tratando pneumonia, anemia e desnutrição avançada, ainda de acordo com o órgão, que nega a falta de remédios para o tratamentos dos indígenas, o quadro da criança é estável e está sendo acompanhado pelo serviço social. Sobre o aumento dos casos de malária, o Dsei culpou a presença constante dos garimpeiros na região.
A população Yanomami é de 28.141 indígenas, com 19 etnias distribuídas em 371 aldeias em um área de 106.327,56 quilômetros quadrados. Segundo Carlo Zacquini, as aldeias não recebiam tratamento contra verminose há mais de um ano, além da criança internada, cerca de 17 indígenas estão com malária, a maioria em fase avançada da doença, e um total de 84 apresentavam gripe e febre.
O clima na região Yanomami é tenso, além da falta de assistencialismo por parte da saúde pública, os originários sofrem com ataques de garimpeiros que tentam ocupar os territórios indígenas em busca de minérios. No último dia 10 deste mês, um grupo de criminosos chegou até a comunidade Palimiú em sete embarcações e atacaram os originários com armas de fogo, o confronto deixou cinco pessoas feridas, sendo quatro garimpeiros e um indígena.
A atividade garimpeira, mesmo ilegal, não para, nem mesmo o cenário pandêmico foi capaz de deter a caça pelo ouro que ocorre em terras indígenas diariamente, a luta por demarcação e proteção dos originários continua, porém não é uma prioridade para os governantes responsáveis pela proteção dos povos, que em contrapartida, tentam aprovar um Projeto de Lei (PL), dando liberdade para a ação criminosa em TI. Ignorando as consequências sofridas pelos povos ancestrais, que são acometidos com doenças e têm o seu lugar de morada devastado pelos produtos tóxicos, que contaminam os rios e afetam a alimentação e a saúde dos originários.
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