A luta do camarada Dezinho - Um dos líderes sindicais mais combativos no sudeste do Pará brutalmente assassinado na porta de sua casa, em 2000 - não é somente memória, ao contrário, é resistência e teimosia para continuamos defendendo a vida. Por isso, a indignação coletiva de nós ambientalistas e defensores da Amazônia com a notícia de que após 22 anos de impunidade, um dos intermediários irá a júri popular. O criminoso Rogério de Oliveira Dias, um dos envolvidos no assassinato do sindicalista José Dutra da Costa, o Dezinho, vai a julgamento pelo Tribunal do Júri amanhã, dia 13, em Belém.
A acusação é de que Rogério e seu primo, Igoismar Mariano, foram intermediários deste crime hediondo. O assassino do sindicalista foi o pistoleiro Welington de Jesus, irmão de Rogério. O homicídio aconteceu no dia 21 de novembro de 2000, na cidade de Rondon, no sudeste do Pará.
Dezinho, foi morto por denunciar grilagem de terras, desmatamento e trabalho escravo na região. Dezinho militava pelos direitos os produtores rurais de Rondon do Pará, submetidos a condições degradantes de trabalho e vítimas da grilagem de terras e do desmatamento. Duas décadas depois, o acusado que vai agora vai a julgamento fugiu logo após o crime, teve sua prisão preventiva decretada, mas só foi preso 20 anos depois. A prisão foi efetuada pela polícia de Minas Gerais, onde ele se encontrava escondido. Há dois anos ele se encontra preso aguardando julgamento. O júri foi transferido pra Belém devido a possíveis pressões de fazendeiros sobre os jurados caso fosse realizado na cidade de Rondon.
Já Igoismar Mariano, segundo intermediário do crime, continua foragido. De acordo com monitoramento feito pela Comissão da Pastoral da Terra - CPT, há mais de 30 mandados de prisão expedidos contra executores e mandantes de crimes no campo no Pará sem serem cumpridos pela polícia do Estado. Um dos casos mais famosos é o do casal de extrativistas José Claudio e Maria. O mandante do respectivo crime, José Rodrigues Moreira, condenado a 60 anos de prisão em júri ocorrido em 06 de dezembro de 2016, nunca foi preso para cumprir a pena, por exemplo.
Dezinho era trabalhador Rural, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Rondon do Pará. Lutava pela reforma agrária na região Sudeste do Pará. O crime teve repercussão internacional e levou o Brasil a ser penalizado pela Comissão interamericana de Direitos Humanos. Nos dias atuais, a companheira Maria Joel Dias da Costa, viúva do sindicalista, vive escoltada desde o assassinato de Dezinho, por dois policiais militares, em razão das ameaças que vem sofrendo ao longo dos anos.
A luta pela reforma agrária continua. Infelizmente, a impunidade também prossegue!
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