top of page

Ganhamos a eleição, mas não derrotamos o fascismo

O PSOL deve sim participar do governo. O povo está com Lula, eu também estou!




“A partir de 1º de janeiro de 2023, vou governar para 215 milhões de brasileiros”, afirmou Lula, em São Paulo, em seu primeiro discurso como presidente eleito do Brasil, com mais de 60 milhões de votos, maior número já alcançado por um candidato na história do país. E nós do PSOL no Pará e em todo o Brasil fomos parte ativa e protagonista neste processo eleitoral contra a extrema-direita. Nossa militância, ajudou a vencer o medo e criar uma onda vermelha de vira voto que ajudou a viabilizar a vitória, que foi muito apertada. O apoio do PSOL ao Lula desde o 1º turno foi um acerto necessário em um país dividido ao meio. Lula era o único que reunia as condições para derrotar eleitoralmente Bolsonaro e o PSOL assumiu o lado certo da história ao ser parte do movimento que o elegeu.


Acertamos lá e não podemos errar agora. Ganhamos a eleição, mas não derrotamos o fascismo.


Nosso partido não pode estar em outro campo que não seja participando do governo para garantir que os compromissos assumidos por Lula, que o PSOL indicou seja cumprido neste cenário de país divido e fascismo mais vivo do que nunca. Não existe espaço para oposição programática ou consequente, e não podemos nos juntar aos fascista para fazer oposição ao governo que nós elegemos, e isso não significa “rebaixar nosso programa”, pelo contrário, mostra que o partido está preparado para o desafio de proteger a vida futura.


O PSOL necessita enfrentar a miopia política dos revolucionários do próprio umbigo que estão deslocados da realidade, cegos por um passado de auto flagelo. Devemos fazer política movidos pela dialética da conjuntura atual e a conjuntura nos mostra o caminho: ajudar Lula a governar e unir o Brasil, estou ao lado dos que levantam a bandeira da defesa que o PSOL participe do governo Lula com sua força militante, com sua elaboração política, com sua visão de mudo. O povo brasileiro está com Lula e nós também devemos estar.



Nós do PSOL, precisamos extirpar o comportamento egoísta, fratricida e nada inteligente dos extremistas de dentro das nossas fileiras. Onde deveriam brotar solidariedade e cooperação, cresce os gérmenes do sectarismo entre seus membros. O feio rinoceronte que aparece, do nada, nas ruas de uma cidadezinha e, a princípio, polariza sua população num jogo de acusações mútuas e atos deploráveis deixa de ser o problema quando se descobre que todos os habitantes estão infectados e se transformando em rinocerontes. Faço aqui referência mais clara à peça de teatro de Eugène Ionesco que citei acima, que não poderia ser mais ilustrativa das epidemias que nos ameaçam, biológicas e/ou políticas. Há alguma saída nesse teatro do absurdo, mesmo que este não seja seu ato final?

Sim, sempre há alguma saída!



Na peça de Ionesco, apenas uma pessoa não se transforma em rinoceronte: um homem sensível, racional e com empatia. Para não acusarem a Ionesco de “machista”, eu posso lembrar que em Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago, a única pessoa não infectada pela cegueira branca é uma mulher. Nós, mulheres originárias, que fizemos a campanha de Lula, apontamos o caminho para um desfecho agradável desse teatro do absurdo no futuro: solidariedade, união, diálogo, criatividade e trabalho de base entre os dirigentes e militantes dos partidos de esquerda e representantes e ativistas dos movimentos sociais, mas também a coragem de apontar aqueles, dentre estes, que já viraram rinocerontes, e os isolar antes que infectem os demais.



Por isso, afirmo que o Brasil deste século, só irá emergir se todos nós da esquerda democrática afastarmos os ranços e arregaçarmos as mangas para reconstruir o país. Democracia dá trabalho, não cabe numa disputa eleitoral, cuja função se sustenta na manutenção dos vícios de representatividade. Democracia é mais do que o direito de protestar contra a fome, o desemprego, o salário insuficiente. Democracia é o povo viver bem, comer bem, morar bem. É assim que eu entendo a democracia. Não apenas como uma palavra bonita inscrita na Lei, mas como algo palpável, que sentimos na pele, e que podemos construir no dia-dia. É essa democracia que nós vamos buscar construir a cada dia no governo Lula. Afinal, desde o golpe na presidenta Dilma, em 2016, falhamos enquanto sociedade. Precisamos nos recompor, nos reinventar. Por Marielle Franco, por Paulo Gustavo, por Isaac Tembé e pelo meio milhão de vidas que já perdemos! Pelas vidas que não queremos também perder. Pelo Brasil, livre, orgulhoso, diverso e soberano, que possamos ajudar a transformar o nosso gigante e sofrido país. Dará certo. Com a força de Tupã venceremos!


Neste sábado (17), haverá reunião do diretório nacional do Psol, onde será debatido se o partido participará do governo Lula ou não, e tudo indica que por conta de alguns votos de diferença de alguns membros do diretório seja, derrotada a proposta do Psol de participar do governo que ajudou a eleger. Eu como militante e liderança dessa organização peço aos diferentes nacionais, que consulte a base do partido para poder votar. Não podemos aceitar autoritarismo e decisão individual dos membros, sem ouvir os filiados do partido.

bottom of page