Indígenas do povo Munduruku em igarapé Baunilha, Jacareacanga, no oeste do Pará, são impedidos de entrar pelos garimpeiros ilegais em seu território. Vídeos e fotos registrados pela comunidade, mostram pessoas armadas impedindo o grupo indígena de desembarcar na área.
O conflito aconteceu na sexta-feira (19). O grupo que impediu a entrada dos indígenas é formado por garimpeiros ilegais e por uma minoria indígena aliciada por eles, que se aproveitam dos problemas internos do povo para trazer conflitos e acirrar as disputas entre as lideranças, tática muito usada pelos europeus no processo de colonização do Brasil em 1500.
A perseguição dos garimpeiros contra os indígenas nessa região já acontece há nove anos e vem se agravando com o passar do tempo nessa região tomada pelo garimpo ilegal. O Ministério Público Federal (MPF) já ajuizou duas ações envolvendo a FUNAI e o IBAMA, uma em 2018 e outra em 2020, a intenção era obrigar as entidades a tomarem providências que contenham o avanço do garimpo ilegal, que causam danos socioambientais e impactam diretamente a vida da comunidade originária que vive nesse território.
O Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles visitou Jacareacanga em agosto de 2020, e foi recebido por garimpeiros. Nesse período, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) realizava operação de fiscalização que apreendeu maquinário e fechou garimpo, mas que foi interrompida após essa visita do ministro. As circunstâncias da interrupção incluíram suspeitas de vazamento de informações sigilosas e transporte de garimpeiros em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), para reunião em Brasília com o ministro. O MPF investiga o ocorrido através de dois inquéritos.
Na última segunda-feira, 22, o MPF abriu procedimento para investigar autoridades responsáveis por evitar a invasão de terras indígenas. A investigação tem como intuito apurar se autoridades que deviam combater a invasão vêm sendo coniventes. Mesmo com as cobranças feitas nos últimos anos, os danos que afetam diretamente o povo indígena Munduruku vem sendo tratados com descaso e o conflito segue de forma desproporcional, pois o aparato dos garimpeiros é muito maior do que o dos indígenas.
O MPF também voltou a pedir atuação urgente das forças federais, mas não obteve resposta até a presente o fechamento desta matéria. Enquanto isso, o povo Munduruku que têm direitos garantidos na Constituição de 1988 não estão sendo amparados.
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