Nas últimas atualizações coletadas pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON), o desmatamento ultrapassou a média apresentada nos últimos dez anos, acumulando o total de 48% de áreas desmatadas, quando comparado ao período de janeiro a agosto deste ano em relação ao ano passado, desmatando 1.606 Km² somente em agosto, o que coloca o mês em primeiro lugar no aumento de devastação na última década. Totalizando 7.715 Km² nos últimos oito meses, também considerado a pior marca da história. Com uma alta de 7% em relação à registrada em 2020.
Segundo Larissa Amorim, Pesquisadora do Imazon, o desmatamento vem apresentando uma tendência de aumento desde o ano de 2012, e isso, se intensificou ainda mais nos últimos três anos. "Nós percebemos nos últimos 12 meses o avanço do desmatamento na região do sul do Amazonas e em parte do estado do Acre, isso ocorre devido ao deslocamento do desmatamento de áreas que já foram consolidadas anteriormente, como parte do estado do Mato Grosso e de Rondônia", explicou.
A pesquisadora destaca também a posição do estado do Amazonas, que se mantém na vice-liderança entre os estados que mais desmatam, além de ressaltar os municípios no grupo prioritário de fiscalizações, que segundo ela, ainda apresentam um intenso desmatamento em seus territórios.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), o desmatamento na Amazônia libera 200 milhões de toneladas de carbono anualmente (2,2% do fluxo total global). No entanto, esse percentual é armazenado pelas florestas o equivalente a dez anos de emissões mundiais de carbono.
Mas esse cenário muda quando as florestas são destruídas e queimadas, provocando a liberação de carbono para a atmosfera, contribuindo no aumento da temperatura da terra, o que causa danos à saúde, alterações climáticas, interrompimento nas safras e elevação do nível do mar, possibilitando inundações em cidades litorâneas.
Com a marca de 1606 Km² de floresta queimada, os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), mostram que agosto foi o quinto mês do ano de 2021 com o pior cenário de incêndio desde o ano de 2012. Acompanhados de março, abril, maio e junho, do mesmo ano, inseridos no pior ranking dos últimos dez anos. Indicando que as medidas traçadas pelos órgãos competentes não estão suprindo a necessidade da Amazônia no combate aos danos ambientais.
Para evitar que o ano de 2021 não entre no ranking de pior marca anual ao final deste ano, são necessárias medidas mais severas, entre elas, a ênfase nas supervisões ambientais e a derrubada de projetos que visam facilitar a exploração de terras protegidas.
Para conter o desmatamento na Amazônia legal, Larissa, indica algumas atitudes necessárias. " Intensificar as ações de fiscalização, priorizando as áreas mais pressionadas em relação ao desmatamento, além de identificar e punir os responsáveis pelo desmatamento ilegal, embargando as áreas apropriadas de terras indevidas", orientou.
Larissa completa as medidas falando da urgência no ordenamento territorial. "O ordenamento nada mais é do que destinar áreas de florestas públicas, principalmente para conservação, ou seja, tornar esses territórios em unidades de conservações, terras indígenas e terras quilombolas”.
No topo dos estados que mais desmatam a Amazônia está o Pará, com um alcance de 638 Km² queimados somente em agosto, representando uma parcela de 40% de todas as destruições da Amazônia legal, maior que São Luís.
Foi constatado também no mês de agosto, que das dez piores unidades de conservação no topo de desmatamento, seis estão concentradas no Pará, além da metade dos municípios, terras indígenas e assentamentos. Entre as cidades do estado mais afetadas pelo desmatamento estão: Altamira, São Félix do Xingu, Pacajá, Itaituba e Portel.
O Amazonas ocupa pelo quarto mês consecutivo o segundo lugar no ranking dos estados que mais desmatam a Amazônia com 412 Km² de áreas desmatadas. Seguido pelo Acre, com 236 Km² de florestas destruídas, que este ano apareceu pela primeira vez na lista dos mais afetados, ficando na terceira colocação.
O avanço na poluição atmosférica está interligado ao crescimento do desmatamento na região amazônica, ocasionando o aumento da temperatura, o descontrole das chuvas, prejuízos na agricultura, mortes prematuras, e até mesmo a economia, que poderá sofrer um sabotamento.
O desmatamento zero evita doenças respiratórias, contribui no nivelamento das mudanças do clima, reduz a emissão de gases do efeito estufa, preserva os direitos dos povos tradicionais e indígenas, entre outros diversos benefícios para uma vida mais benéfica.
Breve histórico
De acordo com dados levantados pelo Imazon, por meio do SAD, no Brasil foram derrubados 55 milhões de hectares de floresta entre os anos de 1990 e 2010, com perda de 780 mil Km² de vegetação nativa, o que equivale mais de duas vezes o tamanho do território alemão, que possui uma área de 357.386 Km². A destruição chegou a proporção de 170 vezes mais rápido nas últimas duas décadas, ultrapassando o índice registrado na mata atlântica durante o Brasil colônia.
No ano de 1990 e 2000 a perda aumentou significativamente com 18,6 mil Km² de desmatamento, anualmente falando. Já no período de 2000 a 2010 os números de áreas devastadas foram para 19,1 mil K². No período de 2012 a 2017 a perda foi de 6 mil Km². Seguidos dos anos de 2019, com perda de 6.200 Km² de vegetação, proporcional a 16% de aumento em relação ao acumulado de 2018.
A pesquisadora relata que o desmatamento infelizmente é a principal causa da emissão dos gases de efeito estufa no Brasil e faz um alerta quanto as consequências. " se o ritmo de perda de floresta continuar do jeito que está sendo apresentado nos últimos anos, teremos um desequilíbrio ambiental e a intensificação do aquecimento global, além de problemas econômicos que impactam na agricultura e na pesca e, se houver secas de mananciais poderemos sofrer uma crise energética," finalizou a especialista.
Fazendo um apanhado da última década, conforme exibido abaixo na imagem, não é difícil perceber o aumento de áreas atingidas pelo fogo, a diminuição do verde e a constatação de que o planeta está correndo sérios riscos.
O salto na quantidade de áreas destruídas chega a ser mais de dez vezes maior quando fazemos comparações entre os anos de 2012 e 2021, com exceção de 2017, quando os números foram menos expressivos, porém preocupantes.
Somente de 2020 a 2021, a taxa de elevação quase duplicou, isso nos leva a pensar que o aumento em curto prazo tem se tornado uma frequência e a rapidez na devastação se faz cada vez mais presente.
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