Indígenas de pelo menos cem aldeias da região do Xingu, no Pará, protestaram contra a empresa Norte Energia nesta quarta-feira, 07.
Entre os manifestantes, estavam indígenas de todas as idades, incluindo guerreiros, que ocuparam o prédio da Justiça Federal em Altamira. Eles pediam audiência virtual com a juíza Maria Carolina Valente do Carmo, que está em Belém.
As lideranças cobraram uma resposta sobre decisão que permite que ONG´S representem indígenas em negociações relacionados ao empreendimento da Usina Belo Monte. Os líderes dos povos do Xingu não aceitam a alteração.
Os indígenas estão em Altamira desde o início da semana. O grupo saiu do isolamento social que estava cumprindo desde o início da pandemia como prevenção à Covid-19 para fazer mobilizações. As lideranças querem, também, indenizações por perdas durante a implantação do Projeto Básico Ambiental da Usina Belo Monte.
De acordo com os caciques, há insatisfação com a demora de soluções prometidas pela empresa empreendedora da hidrelétrica, que paralisou atividades como a entrega de equipamentos e veículos desde o início da pandemia.
Para os indígenas, as comunidades sofreram prejuízos que precisam de reparação e, por isso, pedem agilidade da Justiça Federal em ação de indenização às associações indígenas.
A história sangrenta da Usina de Belo Monte
A usina de Belo Monte provocou interferências drásticas “nos traços culturais, modo de vida e uso das terras pelos povos indígenas, causando relevante instabilidade nas relações intra e interétnicas.
Em 2015, a empresa Norte Energia, responsável pela Usina de Belo monte, respondeu uma ação movida pelo Ministério Público Federal, sobre denuncia de Etnocídio aos povos indígenas da Volta Grande do Xingu com as obras da hidroelétrica.
A decisão citava uma série de danos, com a fragmentação dos povos indígenas em muitas aldeias, a fim de se obter a verba de R$ 30 mil/mês a ser paga por aldeia, precariedade sanitária, alimentar e social, aumento no consumo de bebidas alcoólicas e drogas ilícitas e aumento de produtos industrializados.
O povo Arara da Terra Indígena (TI) Cachoeira Seca do Iriri, são os mais afetados pelos danos causados pela usina à cultura dos indígenas da região.
A Terra Indígena do povo Arara é registrada como a TI mais desmatada no país nos últimos anos e chegou a representar aproximadamente 16% do total desmatado em todas as TIs da Amazônia Legal em 2017.
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