A mineração está entre as maiores atividades que atacam diretamente as terras indígenas no país, A vale S.A, com suas subsidiárias instaladas em todo o canto do Brasil, tem grande responsabilidade por muitos danos causados ao nosso povo. Este ano a empresa além de descumprir as próprias promessas, voltou a pedir à Agencia Nacional de Mineração (ANM) autorização para pesquisar em áreas que afetam o território dos povos originários da Amazônia.
Segundo site infoamazonia, em setembro a mineradora anunciou que devolveria todos os requerimentos de pesquisa e lavra que interferem em terras indígenas. Porém os novos pedidos protocolados pela Vale anunciavam que a empresa pretende explorar áreas próximas à Terra Indígena Xikrin do Rio Caeté, onde vivem os Xikrin e os Kayapó.
As aldeias Xikrin da região do Cateté, no sudeste do Pará, entre as cidades de Ourilândia do Norte, Parauapebas e São Félix do Xingu, foram cercadas por quase todos os lados pela mineração. São 14 empreendimentos no total, extraindo cobre, níquel e outros minérios, todos de propriedade da Vale, alguns já implantados, outros em implantação.
Um dos empreendimentos, de extração e beneficiamento de níquel, chamado Onça Puma, em sete anos de atividade contaminou com metais pesados o rio Cateté e inviabilizou a vida dos cerca de 1300 Xikrin. Casos de má-formação fetal e doenças graves foram comprovados em estudos.
De acordo com o Intituto Socio Ambiental (ISA), em 2008, a Justiça condenou a Vale a destinar mais de R$ 650 mil por mês aos povos indígenas Xikrin, que vivem nas proximidades da província mineral de Carajás. Depois de realizar, por mais de dez anos, atividades de extração de minérios em terras dos originários localizadas no sudeste do Pará, a Vale foi obrigada a recompensar financeiramente duas comunidades impactadas: a Justiça Federal de Marabá determinou o pagamento mensal de R$268.054,62 à comunidade Xikrin do Cateté e R$388.843,27 aos Xikrin do Djudjekô, num total de mais de R$ 650 mil a serem depositados pela companhia em favor das associações de cada aldeia.
A vale e seu maquinário que adentram os solos da Amazônia, são também os maiores responsáveis pelo adoecimento de milhares de indígenas. Por conta da mineração há um aumento de taxa de disseminação de doenças transmitidas por mosquitos, os poços deixados pela exploração ilegal de minério criam condições ideais para a reprodução do mosquito Anopheles, hospedeiro da malária. E apesar de falarmos sobre esse problema, as pessoas só puderam dimensionar a gravidade que o povo indígena passa após a reportagem produzida pelo programa Fantástico, da TV Globo no último domingo, mostrar a situação do povo Yanomami que sofre com a proximidade do garimpo em seu território.
Segundo dados da The Intercept Brasil, Entre os 347 pedidos de mineração feitos por pessoas jurídicas, há vários casos em nome de empresas bilionárias, entre elas a Vale, conhecida pelas duas maiores tragédias da história da mineração no país, ambas em Minas Gerais – a de Mariana, em 2015, e a de Brumadinho, no começo de 2019, que juntas provocaram a morte de cerca de 300 pessoas.
A Vale é autora de 18 pedidos para explorar ou pesquisar vários tipos de minérios: bauxita – matéria-prima do alumínio –, ouro, cobre, estanho e diamante. Todas as lavras – nome da área subterrânea que se pretende explorar – estão dentro de reservas biológicas no Pará e no Amazonas.
O maior desastre ambiental na área de mineração do mundo aconteceu no município de Mariana, Minas Gerais, em 5 de novembro de 2015. Os responsáveis foram a empresa Samarco, controlada pela Vale. A barragem que se rompeu provocou uma enxurrada de lama tóxica, que dizimou o distrito de Bento Rodrigues e deixou19 mortos, além de devastar a bacia hidrográfica do Rio Doce, matar a vida aquática e acabar com o turismo e subsistência de milhares de pessoas.
A Vale conseguiu a façanha de destruir um rio, que nem a mineração na região, onde está localizada Ouro Preto, foi capaz ao longo de 300 anos de exploração do ouro. Pouco mais de três anos após o incidente, a Vale volta a matar. Repetiu o mesmo erro em outra barragem, em Brumadinho, Minas Gerais. Desta vez, porém, o número de vidas sacrificadas foi muito maior. Nas primeiras 24 horas foram confirmadas 34 mortes e centenas de pessoas desaparecidas.
Após a tragédia de Mariana, a Vale apoiou a criação da Fundação Renova, que se demonstrou pouco eficaz. As vítimas, que perderam suas moradias e familiares dos mortos, não foram totalmente indenizadas. A lama tóxica (embora a empresa negue) continua no mesmo lugar e o Rio Doce continua praticamente morto.
Em qualquer país sério agentes públicos responsáveis e os executivos da empresa estariam presos. No mínimo a companhia já deveria ter pago multas bilionárias, o que não ocorreu. Aqui os envolvidos posam como se uma tragédia anterior não tivesse ocorrido. Dão entrevistas como se eles fossem também as vítimas do acidente. Ao invés de buscar soluções reais, a Vale aproveitou da tragédia para lucrar. Usou a Renova para ganhar tempo com as autoridades, recusando-se a cumprir o acordo fechado com o Ministério Público Estadual e levando a disputa para o lento caminho judicial.
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