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Ameaça a democracia: Deixa o Xukuru governar

Primeiro cacique eleito prefeito está sendo impedido de assumir o cargo em Pesqueira

Foto: Reprodução rede social

Eleito no primeiro turno das eleições de 2020, o cacique Marcos Xukuru, enfrenta uma longa batalha pelo direito de exercer o mandato que lhe foi permitido por meio da soberania popular, foram 51,6% votos que deram vitória ao novo representante da cidade de Pesqueira, localizada em Pernambuco. Quase um ano depois o indígena ainda não foi empossado, e isso representa um ataque à democracia que vem sendo desrespeitada desde então. Nas redes sociais, com milhares de apoiadores, o indígena reivindica o direito de governar, chegando a ser um dos assuntos mais comentados na internet, levantando o slogan “se o estado brasileiro não sabe governar, nós sabemos governar”.


Conhecido como Marquinhos Xukuru, o cacique lidera há 18 anos os indígenas de Pesqueira, que contém uma população de 68 mil habitantes, sendo desse total, 20 mil originários. A liderança carrega um histórico de luta contra a política dominante da cidade, que já estava no poder há 30 anos, e também de dor pela perda dos parentes, entre eles o cacique Chicão Xukuru, pai de Marquinhos, pioneiro na luta pela retomada de terras, morto violentamente em 1998 com tiros disparados a mando de fazendeiros.


Na ganância por terras e lucros financeiros, fazendeiros e políticos confundiram a população indígena, levando a divisão de povos xukurus de Orarubá, liderados por Marquinhos e Xukurus de Cimbes, comandados por Biá. Desde então a sequência de ataques e violências só aumentaram, no dia 7 de fevereiro de 2003, o conflito causou a morte de dois indígenas que acompanhavam Marquinhos em um veículo dirigido pelo cacique, que fugiu e ficou um dia sem aparecer na aldeia, ao retornar, o povo a favor do cacique havia atirado em dois Xukuru de Cimbres, que sobreviveram, ateado fogo em quatro casas, entre elas a residência que estavam Biá, e cinco veículos, sendo um deles o da Prefeitura de Pesqueira.


Foto: Reprodução rede social

Após 17 anos do atentado sofrido, Marquinhos decidiu se candidatar a prefeito de Pesqueira em 2020, e logo que soube, a adversária do indígena, Maria José, esposa de João Eudes, que governou a cidade no período de 2000 a 2008, acionou a justiça pedindo que o cacique fosse incluído na Lei da Ficha Limpa, por sua condenação pelo crime contra o patrimônio e incêndio. O caso foi para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)), a defesa alega que o crime de incêndio, artigo 250 do Código Penal Brasileiro, não está previsto no escopo da Lei da Ficha Limpa.


Desde então Marquinhos tem sido alvo de perseguição política, que estão impedindo de ocupar a cadeira de prefeito do município, que atualmente tem a frente o presidente da Câmara de Vereadores, Sebastião Leite da Silva Neto. Enquanto a decisão da justiça não sai, Marquinhos assume o cargo de secretário do Governo de Pesqueira. O prazo da Justiça Eleitoral é até o dia 17 de junho para decidir se o cacique assumirá o cargo.


Marquinhos vem recebendo muito apoio, principalmente da população indígena, que enxerga no cacique um futuro melhor, de garantias de direitos e de uma voz representativa que vai ecoar em busca do melhor para o seu povo. Deixa o cacique governar!

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