A atividade ilegal ameaça a sobrevivência dos povos indígenas
Mesmo com o mundo enfrentando uma pandemia que já matou mais de 400 mil pessoas somente no Brasil, a garimpagem não para, e isso, tem colocado em risco a saúde dos povos indígenas tanto pelo garimpo ilegal, que agride o habitat natural dos povos, como a presença de garimpeiros em territórios indígenas, que podem levar os vírus da covid-19 e outras doenças para dentro das aldeias, o que ameaça os povos originários que são mais suscetíveis a doença, devido à falta de memória imunológica.
O garimpo é uma atividade secular, que existe desde a época da colonização, e ainda, em dias atuais vem crescendo e invadindo terras indígenas, no ano passado, foi constatado que uma área equivalente a 500 campos de futebol foi devastada nas terras Yanomami, localizada entre os estados do Amazonas e Roraima. Cerca de quinhentos hectares de floresta Amazônica foram destruídos pelo garimpo ilegal no território indígena. O total de área desmatada é de 2.400 hectares e em 2020 teve um aumento de 30%.
De acordo com o Instituto Escolhas, os pedidos de pesquisa em Áreas Protegidas na Amazônia é de 6.170.950 hectares, sendo em Unidade de Conservação 3.795.851 e em Terras Indígenas 2.375.100 hectares, divididos nos estados do Pará, Amazonas, Roraima e Mato Grosso. Ainda de acordo com o instituto, hoje existem 6,2 milhões de hectares dentro de Terras Indígenas e Unidades de Conservação na Amazônia Legal cobertos por pedidos de pesquisa para o ouro, e apenas em Terras Indígenas, onde a exploração de minérios não é permitida, os pedidos estão espalhados por 85 territórios, totalizando 2,4 milhões de hectares. A Terra Indígena Yanomami, entre os estados de Roraima e do Amazonas, e a Baú, no Pará, são as que possuem as maiores áreas cobertas pelos pedidos.
O garimpo - O garimpo é a prática exploratória de minerais, sendo eles, diamante e ouro, geralmente é efetuada por garimpeiros ou mineradoras. A forma manual, é quando os garimpeiros escavam e peneiram com as próprias mãos, usando mercúrio para facilitar a extração, e mecanizada, é a prática feita com uso de escavadeiras e outras ferramentas que contribuem na exploração de terras em busca de minérios.
Garimpo no Brasil - A região Norte é a que mais atrai garimpeiros no Brasil, por possuir uma área relevante de jazidas, estando em destaque Serra Pelada, considerada o lugar de maior garimpo na região brasileira, Vale do Rio Tapajós, localizada no Pará, Rio Tocantins e Vale do Rio Madeira, em Rondônia. Além dos garimpeiros, a extração em massa é realizada por grandes mineradoras, provocando o derramamento de rejeitos em leitos de rios, vazamentos de materiais tóxicos com origem em barragens e construção de tubulações ilegais.
Garimpo em terras indígenas -Terras indígenas e adjacências são as mais exploradas na extração do ouro, com isso, os povos indígenas ficam propícios a doenças, por meio de substâncias tóxicas utilizadas por garimpeiros, como por exemplo, o mercúrio, elemento utilizado para atrair pequenas partículas de ouro e facilitar a prática de garimpo, no entanto, causa a contaminação do solo, rios e até mesmo no ar quando evaporado, o que prejudica diretamente a saúde dos povos originários que inalam o ar poluído e se alimentam com peixes contaminados. O garimpo também tem um grande impacto ambiental e reflete diretamente na vida dos povos que habitam em áreas de preservação.
Lei - O atual governo tenta legalizar a atividade garimpeira em terras indígenas, por meio de um Projeto de Lei (PL), 191/2021 que está sendo tramitado no Congresso Nacional. A medida viola a constituição federal e contribuiu para o aumento das invasões, causando desentendimento e violência entre os povos originários, que são carentes de políticas públicas que colaborem para a melhor compreensão a respeito da ação.
A luta para que as leis de demarcação de territórios indígenas revigorem é para preservar a vivência, cultura e identidade dos povos indígenas. Lembrando que ribeirinhos e moradores próximos a áreas invadidas por garimpeiros ou perto de construção de usinas também sofrem as consequências, sem falar no ataque criminoso ao meio ambiente.
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